Texto e edição de vídeo de Daniel Yuji Yonamine Ono
Seu olhar era sempre atento às explicações do sensei.
Após os treinos, de maneira entusiástica, fazia relações extraordinárias entre o que havia sido explicado e assuntos dos mais diversos interesses, algo que somente uma mente brilhante como a dele seria capaz.
Falava do nexo entre uma lição do Aikido e um personagem de histórias em quadrinho ou sobre uma teoria da Física, contava sobre um fato histórico intrigante, cativava abordando sobre um jogo de computador.
Após o treino de Kimati Sensei costumávamos sairmos todos para jantar, alegrados pelas anedotas e histórias galhofas do Sérgio Ikeshiro. Eram divertidas aquelas quintas-feiras!
Uma vez ele deixou os cabelos crescerem. Era uma promessa, dizia. Só iria cortá-los quando terminasse de cobrir as dívidas contraídas para reequilibrar as contas de seu comércio. Contava como seu raciocínio lógico, desenvolvido nos anos de escola politécnica, o ajudaram a fazer um elaborado plano de negócios. Que deve ter tido êxito, pois ele deixou o rabo de cavalo quando cumpriu sua promessa.
Ultimamente nosso contato se resumia às redes sociais, mas sentia sua presença em seu humor simples. E as iniciativas de praticantes de Aikido em adaptar a arte para ser praticada individualmente me evocaram a alegre lembrança de quando você nos demonstrava, de forma lúdica, como era receber Irimi Nage com um Tori imaginário.
Então, repentinamente, fomos surpreendidos com sua partida.
Sentiremos saudades de treinar contigo, de como você conseguia nos fazer rir, da sua forma indagativa de pensar.
Vá em paz, amigo. Muito obrigado por tudo.
Domo Arigatou Gozaimashita!
Sérgio Keitsi Ikeshiro nos deixou no dia 29 de maio, vitimado pela Covid-19
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